Lista de livros da Fuvest e Unicamp ficou mais 'complexa', diz professor
Quatro obras foram substituídas para o vestibular
do final do ano.
Veja a análise do especialista sobre os novos livros que serão exigidor.
Veja a análise do especialista sobre os novos livros que serão exigidor.
Do G1, em São Paulo
3 comentários
Vestibulares da Fuvest e Unicamp terão quatro livros novos
A lista de livros obrigatórios dos vestibulares da
Fuvest e da Unicamp ficou muito mais “densa e complexa” com a substituição de
quatro obras anunciada nesta quinta-feira (19) pelas instituições. Esta é a
opinião do professor de literatura Marcílio Gomes Júnior, do cursinho Oficina
do Estudante, de Campinas. Segundo ele, a entrada dos livros Viagens na minha
terra", de Almeida Garrett; "Til", de José de Alencar;
"Memórias póstumas de Brás Cubas", de Machado de Assis; e
"Sentimento do mundo", de Carlos Drummond de Andrade, vai exigir um
estudo muito maior dos vestibulandos. As obras serão exigidas nos vestibulares
do final deste ano (Fuvest 2013 e Unicamp 2013).
saiba mais
Da lista anterior, saíram “Auto da barca do
inferno”, “Iracema”, “Dom Casmurro” e “Antologia Poética”. Para o professor,
com exceção do romance “Til”, os três outros novos livros trazem tensões
internas muito densas e vão exigir do estudante uma capacidade perceptiva muito
maior para analisar a elaboração estética e cultural da obra e sua conexão com
o contexto histórico.
A pedido do G1, o professor Júnior
elaborou a comparação entre as obras que entraram com as que saíram. Confira
abaixo:
'Auto da barca do inferno' dá lugar a "Viagens na
minha terra'
minha terra'
Sai 'Auto da
Barca do Inferno' e entra 'Viagens na minha terra'
“De Gil Vicente para Almeida Garrett, damos um salto do humanismo para o romantismo na literatura portuguesa. Gil Vicente é um produto muito mais visível desse período de transição da idade média para a idade moderna. Já “Viagens na minha terra” é uma obra muito mais complexa que “Auto da barca do inferno” do ponto de vista contextual e estrutural.
“De Gil Vicente para Almeida Garrett, damos um salto do humanismo para o romantismo na literatura portuguesa. Gil Vicente é um produto muito mais visível desse período de transição da idade média para a idade moderna. Já “Viagens na minha terra” é uma obra muito mais complexa que “Auto da barca do inferno” do ponto de vista contextual e estrutural.
“Viagens da minha terra”, de 1846, é uma obra que
mistura um relato de viagens com diário e a história da literatura portuguesa.
Quando D. Pedro I volta a Portugal e assume o trono cria-se um período
progressista de liberdade, Garrett volta do exílio e escreve a obra. Ele vai
defender o governo e insere dentro do livro uma noveleta “A menina dos
rouxinóis”, tragédia que mistura ficção e realidade. A obra vai gerar a
referência histórica para o início de “A cidade e as serras”, de Eça de Queiroz,
que continua na lista dos vestibulares.
José de Alencar segue no vestibular, agora com a
obra 'Til'
obra 'Til'
Para o aluno, a dica para quem vai prestar
vestibular no final do ano é já começar a ler o livro e buscar aulas sobre a
obra. Somente a leitura pode não ser suficiente para compreender tudo o que
está envolvido. É muita coisa para se absorver porque tem muita relação com o
momento histórico de Portugal."
Sai 'Iracema' e
entra 'Til'
"O livro “Til”, de 1872, é um romance regionalista, de fazenda. Ele desdobra dramas do interior do Brasil com uma trama, uma das especialidades de José de Alencar. O autor faz um retrato da cultura do interior do estado do Rio de Janeiro e suas conexões com a cultura urbana da capital. É um romance inferior à importância de “Iracema”, e em se tratando dessa referência de cultura urbana.
"O livro “Til”, de 1872, é um romance regionalista, de fazenda. Ele desdobra dramas do interior do Brasil com uma trama, uma das especialidades de José de Alencar. O autor faz um retrato da cultura do interior do estado do Rio de Janeiro e suas conexões com a cultura urbana da capital. É um romance inferior à importância de “Iracema”, e em se tratando dessa referência de cultura urbana.
Na minha opinião, seria melhor que Fuvest e Unicamp
tivesse escolhido uma obra como “Senhora”, que é muito mais contundente e
complexo do que “Til”. O livro vai exigir do vestibulando analisar o choque
entre as culturas urbanas e rural e perceber como Alencar é bom para
caracterizar tipos, costumes e contextos."
'Dom Casmurro' deu lugar a 'Memórias póstumas de
Brás Cubas', também de Machado de Assis
Brás Cubas', também de Machado de Assis
Sai 'Dom
Camurro' e entra 'Memórias Póstumas de Brás Cubas'
"A obra “Memórias Póstumas de Brás Cubas” contém a síntese da obra madura e pessimista de Machado de Assise destaca a sua visão de mundo de maneira mais contundente e aberta.
"A obra “Memórias Póstumas de Brás Cubas” contém a síntese da obra madura e pessimista de Machado de Assise destaca a sua visão de mundo de maneira mais contundente e aberta.
Não dá para dizer, em comparação a “Dom Casmurro”,
qual das duas obras é a melhor. Em “Brás Cubas”, de 1881, inaugura o realismo
no Brasil ao lado de “O mulato”, de Aluísio Azevedo. Na obra, Machado está mais
próximo às linhas do realismo do que em “Dom Casmurro”, que já é quase século
XX (1899).
O autor faz no livro o retrato do contexto cultural
do Brasil. Machado de Assis dá a sustentação em duas linhas filosóficas: o
pessimismo de Arthur Schopenhauer e o niilismo, de Friedrich Nietzsche, com
mais uma carga de ironia e crítica social. O livro mostra as angústias humanas,
jogo das relações de interesses e vícios sociais. A obra rompe com todas as
propostas anteriores do romantismo.
O vestibulando deve se atentar que “Brás Cubas” tem
como base “Viagem da minha terra”. O processo de construção metalinguístico de
Garrett é uma referência de Machado de Assis."
Saiu Vinicíus de Moraes e entrou Carlos Drummond
de Andrade
de Andrade
Sai 'Antologia
poética' e entra 'Sentimento do mundo'
"De ponto de vista mais intelectual, Carlos Drummond de Andrade transcende Vinicius de Morais. Drummond é considerado o maior poeta da literatura brasileira ao lado de Manoel Bandeira. Este livro “Sentimento do mundo” foi publicado em 1940, em plena Segunda Guerra Mundial. É uma visão universal dos dramas humanos que estava se passando em termos de inquietude, fragilidade e insegurança diante da guerra, não só o Brasil, mas todo o mundo. Os desdobramentos desse derramamento de sangue diante da guerra devastadora, aquilo encerra a cultura moderna.
"De ponto de vista mais intelectual, Carlos Drummond de Andrade transcende Vinicius de Morais. Drummond é considerado o maior poeta da literatura brasileira ao lado de Manoel Bandeira. Este livro “Sentimento do mundo” foi publicado em 1940, em plena Segunda Guerra Mundial. É uma visão universal dos dramas humanos que estava se passando em termos de inquietude, fragilidade e insegurança diante da guerra, não só o Brasil, mas todo o mundo. Os desdobramentos desse derramamento de sangue diante da guerra devastadora, aquilo encerra a cultura moderna.
Drummond projeta no livro este momento fulgurante
com poemas magníficos que correspondem a um segundo momento de sua produção
literária, no qual ele se preocupa com o Estado Novo de Getúlio Vargas e os
horrores da Segunda Guerra. Tem um poema chamado “Eligia 1938” que fala sobre a
explosão da ilha de Manhattan. Sem querer, Drummond relata o que viria a ser os
ataques de 11 de Setembro (2001). Diz o verso final: “Aceitas a chuva,
a guerra, o desemprego e a injusta distribuição porque não podes, sozinho,
dinamitar a ilha de Manhattan”."
LISTA UNIFICADA DE LIVROS DO VESTIBULAR 2013 DA FUVEST E DA UNICAMP
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Nome do livro
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Nome do autor
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LIVROS QUE ENTRARAM NA LISTA
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"Viagens na minha terra"
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Almeida Garrett
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"Til"
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José de Alencar
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"Memórias póstumas de Brás Cubas"
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Machado de Assis
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"Sentimento do mundo"
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Carlos Drummond de Andrade
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LIVROS QUE CONTINUAM NA LISTA
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"Memórias de um sargento de milícias"
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Manuel Antônio de Almeida
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"O cortiço"
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Aluísio Azevedo
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"A cidade e as serras"
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Eça de Queirós
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"Vidas secas"
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Graciliano Ramos
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"Capitães da areia"
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Jorge Amado
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